Não És
Carlos do Carmo
Era assim tinha esse olhar
A mesma graça o mesmo ar
Corava da mesma cor;
Aquela visão que eu vi
Quando eu sonhava de amor
Quando em sonhos me perdi
Toda assim; o porte altivo
O semblante pensativo
E uma suave tristeza
Que por toda ela descia
Como um véu que lhe envolvia
Que lhe adoçava a beleza
Era assim: o seu falar
Ingênuo e quase vulgar
Tinha o poder da razão
Que penetra, não seduz
Não era fogo, era luz
Que mandava ao coração
Mas não és tu, ai, não és
Toda a ilusão se desfez
Não és aquela que eu vi
Não és a mesma visão
Que essa tinha coração
Tinha, que eu bem lho senti
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